Um entusiasta do popular jogo de estratégia online perdeu as estribeiras e, após semanas consecutivas a ser atacado por um oponente que lhe roubou recursos acumulados ao longo de muitas horas e lhe enviou mensagens de provocação, decidiu vingar-se de forma muito real. Assim, Flerpknswik Gomes (nome fictício), um comerciante de 37 anos residente em Vila Nova de Gaia, socorreu-se dos préstimos de um amigo que trabalha numa empresa de comunicações para localizar o pérfido teutão que seviciou repetidamente a sua esforçada aldeia romana e deslocou-se à residência deste para exercer vingança. O adversário, Shmrllokrpf Silva (nome fictício), estudante de 17 anos, não se encontrava em casa e acabaram por ser os pais a pagar pela agressividade do filho no Travian. “Foi assustador”, conta Mmmmmumpf Silva, mãe do destinatário da vingança e uma das vítimas. “Bateu-nos à porta e, depois de abrirmos e de confirmarmos que estava no sítio certo, entrou-nos pela casa dentro a bradar impropérios em latim.” Os estragos não foram avultados. Seguindo o funcionamento do jogo, o agressor limitou-se a levar consigo os recursos dos vários tipos permitidos ou os seus equivalentes mais próximos: cereais (pacotes de arroz e massa), barro (pratos e canecas em cerâmica), ferro (talheres de inox) e madeira (todas as embalagens de palitos que encontrou). Em seguida, pintou uma barba numa imagem decorativa de Nossa Senhora, dizendo que os residentes deviam prestar culto a Júpiter Tonante, e saiu, prometendo voltar com uma catapulta se houvesse represálias. Um vizinho conseguiu fotografar o alucinado atacante em fuga, levando na cabeça o que parecia ser um capacete de centurião romano em plástico, e foi precisamente essa imagem que mostrámos a Mrrlhek Púmpflias (nome real), um dos responsáveis pela versão portuguesa do Travian. “É lamentável que haja gente incapaz de distinguir entre um simples jogo e a realidade”, considerou. “Até porque, pelo seu estatuto no Travian, este jogador não passa de um reles legionário e está muito longe de poder usar capacete de centurião”, explicou, ajeitando a toga.
retirado daqui
